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É praticamente uma regra: todo ano eu mudo a cara, jogo lá mais alguns trabalhos de fato bacanas, limo alguns que já não são assim tão bacanas (ou que foram superados pela concorrência), e jogo tudo de novo no ar, com cara e cheirinho de coisa nova. Eu gosto muito de mexer no meu portfolio, mostrar as coisas que faço agora, e colocá-las frente a frente com outras de 2, 3, 5, 10 anos atrás. Notar que houveram sim melhorias, evoluções… novos clientes, valorização, essas coisas. Assim como é olhar e ler aquilo que um dia foi meu cotidiano tempos atrás, abrir a gaveta e deixar à mostra as novidades daquela única coisa que sei e gosto de fazer – que é desenhar – é bem gratificante. Tão gratificante a ponto de me deixar quieto por uma semana; a semana em que me dediquei exclusivamente a dar um tapinha naquele meu outro material, que eu gosto ainda mais do que esse. Por isso mesmo, ele vale um parágrafo. E quem sabe, até dure um ano inteiro com essa mesma cara – até pelo menos a próxima faxina… portanto, passem lá e me digam o que acharam…

As idas e as vindas

ago
2010
23

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O primeiro telefonema de madrugada, com as piores notícias.

Estar sem os seus por perto nessa nova vida de casado te faz por vezes virar pai, amigo, irmão, mais do que companheiro, e somente um abraço entre tantos, mas o primeiro no momento em que soubemos da partida do seu Ricoy, sexta passada. Assim foi nossa sexta-feira, de saudades de nós dois. A Debs que perdia seu último avô, e eu (por que não dizer, uma vez que nossa família é de fato nossa) que me despedi da figura mais próxima que tive de um avô. Os pais da minha mãe e do meu pai morreram antes que eu pudesse conhecê-los, e nossa mesa de domingo na casa da família Bassi tinha sempre o vovô com a gente.

Dessa vez fui eu o suporte, e venho sendo desde então. Uma retribuição à De, que há exato um ano cumpria o mesmo papel quando da partida do meu pai. E muda o grau de parentesco, mas tristeza é tristeza, e os últimos dias foram sim amargos e doídos, principalmente pra ela. As visitas do sábado serviram de carinho e conforto pra pequena, que imagino eu, por alguns momentos colocou de lado a tristeza. Foi um alento, prévia de um domingo longo e amargo. Daqueles dias que a gente quer que acabe logo. A semana começou hoje, e voltamos às nossas rotinas. É mais fácil deixar que o tempo cuide de tudo isso, de novo.

E ao mesmo tempo, visitamos o Lucas ontem à noite, que já cresceu, mas continua com um sono maior do que qualquer dor ou qualquer alegria. E pouco antes, vimos as primeiras imagens da Mariana, a sobrinha que chega no final do ano. Sendo cutucada, remexida, medida e babada pela família. São as vidas que chegam, que começam agora, e que de alguma forma vêm preencher os vazios que a gente acumula com a saudade de quem se foi.

E vamos.

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São 7h da manhã. O despertador interrompe o sono e lá vamos nós. Terça-feira, 12 quilômetros até o trabalho, divididos em uma hora para o despertar, e uma para o trânsito. Banho quente, preguiça de sair debaixo do quadrado de vapor, acorda a esposa, que insiste em não sair da cama. Uns 15 minutos de Bom Dia Brasil, o único café decente do dia (já que o do escritório é pra lá de ralo e lavado), e vamos seguir o plano diário.

Três ruas abaixo, o trânsito trava. A esperança é a fuga via bairro, dado que o rodízio me pegou na única vez em que esqueci de sua existência, e repetir erro é coisa que eu não pretendo. A esperança do alento pelo bairro se perde depois de 15 minutos, quando na metade do caminho você percebe que apenas primeira e segunda marchas serão utilizadas dali em diante. Os jornais de 8 páginas que você recolheu nos semáforos servem de passatempo, quando a única coisa que resta é aumentar o som do rádio e relaxar. É nossa rotina inevitável. A cidade, quando trava, trava inteira, e dali em diante é refletir sobre o que está a nosso alcance para manter a sanidade mental e não estragar definitivamente nosso dia. Afinal de contas, ainda são 9h e uma história inteira está para ser escrita.

Uma buzina toca, desenfreada. Algum imbecil, escondido por detrás dos vidros pretos de um Civic, Corolla ou uma SUV qualquer. Sempre são eles, com raras exceções. Começam a esbravejar, e alguma outra besta humana acha que duas buzinas funcionam mais que uma. Complexo de Moisés que não funciona, e em poucos segundos o que era um mar de conformismo transforma-se no caos encarnado. Lembramos que somos paulistas, e sentimos vergonha de termos chegado a esse ponto da falta de civilidade. Notamos que dirigimos muito mal, que o relógio da manhã parece ser mais importante do que a educação acumulada em mais de década. Desrespeitamos o direito do outro. Cavocamos 20 centímetros de espaço, que serão engolidos no próximo avançar dos carros. Não há música que toque mais alto que isso. Um desconforto no estômago por um nervoso desnecessário. Dali em diante, o procedimento de enervar-se e acalmar-se vai de acordo com a capacidade de cada um em abstrair desse ambiente inóspito, irritante, deprimente.

Você lê no jornalzinho que a campanha eleitoral começa hoje, com aquele monte de gente de plástico e maquiada falando sobre desenvolvimento, prosperidade, educação, emprego. Lembra-se que o discurso era o mesmo há 20 anos, e dali em diante mudou somente de nome, de cor, de tom. Imagina o quanto vão discutir sobre isso os retardados que acreditam que qualquer coisa possa mudar dessa vez. Seu carro cai no buraco. As feições de cada um no ponto de ônibus são mais sinceras do que qualquer discurso político. O Corolla corta novamente a sua frente, e as buzinas continuam esbravejando. Um motoqueiro quase cai logo ali. Você olha em volta e desacredita um pouco mais. São 9h30 e você não andou meio quilômetro. Sente saudades da cama, da esposa, do falar baixinho, do controle remoto e das meias felpudas. Sabe o quanto tem que fazer durante o dia, e quanto de fato fará. Tenta fugir da paranoia do relógio, e de alguma forma consegue. Entra uma música boa no rádio. Você canta junto. O trânsito anda.

O despertar acontece antes do dia de fato começar, duas horas depois do previsto. Mais músicas te esperam no escritório. Os amigos também. O cheirinho do almoço, e até o café lavado. Tranca-se o carro com todo o stress nele acumulado nas últimas horas. Ligar só pra dizer que ama. Curtir o frio, e depois o conforto. Sentar, escrever. Não desanimar, e não sonhar com o impossível. Começar. Porque tudo isso é São Paulo, e mesmo assim a gente não sai daqui.

11°C

ago
2010
14

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Após uma semana atribulada, descansamos. Da maternidade à UTI, nos desdobramos durante os últimos dias. Que aos poucos, passaram, e tudo foi melhorando, com um ápice de boas notícias ontem à noite. O tempo voou, e hoje o frio, a ventania e a umidade trouxeram o clima perfeito para o descanso. Nos demos ao direito de um almocinho mais chiquetoso, e desde o início da tarde, nos protegemos desse frio no aconchego do lar – e que gostoso é falar isso, pois nossa casa já é sim um lar, assumidamente nosso e saudoso quando da distância. Resolvemos, porém, dar um chute na preguiça, e exercitamos nosso ócio criativo: cada um a seu modo…

A pequena, chegando aos últimos momentos de seu desafio pessoal de 3 mil peças…

…e eu, preparando o terreno para a volta do portifa.

Daqui a pouco, Guerra ao Terror. Provavelmente acompanhado de uma sopinha e um edredon conjunto. Dias frios aos finais de semana são deliciosos, sim. E dão o fôlego necessário pra que a gente possa retomar a vida, e tudo aquilo que vem junto no pacote: família, amigos, clientes, e tudo mais o que forma a nossa rotina.

Hora de voltar ao trabalho. Até.

O essencial

ago
2010
11

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Um oferecimento de Luana Lamas, numa indicação muito feliz.

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Eram 4h50 quando o despertador tocou. Pulei logo da cama, sabendo que se eu ameaçasse fazer uma horinha a mais, o combinado iria por água abaixo. Buscar a mãe às 5h30 enquanto a esposa tomava banho. Voltava pra casa, pegava a Debs e íamos os três ao hospital, chegando com folga para o parto. A Agnes havia sido internada às 5h, a cesariana estava marcada para as 7h. Pode parecer besteira, mas esse tipo de sensação de alguém chegando na família nunca foi tão próxima, não nesses últimos 30 anos. O primeiro dos irmãos, dela e meu. O filho do Denis agora, a filha do Mauricio no final do ano. E indiretamente a gente dá uma babada de ovo aqui, outra ali, e a disposição e o atropelo na ainda madrugada davam a perfeita noção de que fazíamos sim parte daquele contexto todo.

Chegamos cedo ao São Luis. Procura-se o quarto, a recepção, a sala de espera, a cafeteria – pois isso não é hora de acordar e o sono se faz ouvir quase tanto quanto o choro de um bebê. Aos poucos a família é reunida. Tentamos conectar o notebook à rede do hospital para assistirmos ao parto. Paga-se mais uma taxa, e nada de conexão. E tenta-se, e tenta-se, e tenta-se de novo, até um comercial em loop entrar numa nova janela e nos servir de alento. Sim, quando nascer, a gente vai ver. Nisso, um bebê chega ao berçário. O primeiro do dia, mesmo nome do nosso: Lucas. Lembro bem desse ser um dos nomes que eu gostava quando pequeno. Mas esse era japonês, amassado, um pezinho torto. Bebê grande, com cara de bebê, o que significa que nem identidade tem ainda: parece sim um joelhinho, com uma boquinha minúscula e bracinhos que não entendem bem o que fazer fora da barriga da mamãe. Chora, dorme, se sacode, e a família dele ali, abarrotada no vidro. O pai que tira foto atrás de foto e não pára de sorrir. Chegam mais e mais pessoas, e cada uma o abraça comemorando aquele momento que, sabe-se muito bem, muda a vida de qualquer um.

Eram mais de 8h e nada do Lucas, o nosso, chegar. Desce mais um pacotinho, chamado Rafael. Uma família italiana ali ao lado, fazendo o que os italianos fazem numa hora dessas: abraços, pulos, mais abraços, comentários babões, sorrisos descabidos. Esse até parecia mais calminho, mas dada a família que lhe espera, isso com certeza durará pouco. Nosso vídeo continuava em loop, e enquanto isso fui lá fuçar os bebês alheios. Achava que um dos caras da tal família usava peruca. Cinto branco, camisa polo, calça esquisita, falei mal das roupas do tal senhor em off, e quando menos esperava ele dá um tapa nas minhas costas, segura no meu braço e emenda: “Tá explicado porque o Rafael chora tanto! Olha a camisa desse cara!”…

Bambi italiano engraçadinho.

Eis que a imagem na tal da câmera que só exibia o tal comercial em loop muda para a Agnes, já recebendo o bebê nos braços. Denis meio atrapalhado, logo atrás, fotografava e verificava se o bebê tinha de fato os dez dedinhos nos pés. Pouco depois, era ele a segurar aquele montinho de gente, e em seguida abraçava e beijava a agora mamãe. A gente aqui, meio com cara de paspalho, se divertindo naquele momento fofinho. Corta a imagem. Acabou. Fomos fazer fila em frente ao berçário.

Loteamos as poltronas. Preparamos as máquinas fotográficas. Chega aquele bolinho de pele cor de rosa, cara de quem preferia estar de volta ao quentinho lá de dentro da mamãe. Assim que deitam o pequeno na incubadora, um monte de marmanjos desmantelam-se do lado de cá do vidro. Já começa-se a procurar semelhança com pai ou mãe, mas na real todo bebê é amassado. Mas nessa hora vale tudo. Fui incumbido de buscar o pai após a enfermeira procurar por ele. Subi correndo, e encontro aquele ser descabelado, com um sorriso descabido na cara. Sorriso inédito, de quem sacou que a vida mudou quando aquela coisinha apareceu. Descemos falando pouco, felizes, eu por ele, ele por tudo. Ali tinha cansaço, sono, mas tinha também um novo carinho, um negócio diferente, um orgulho de tudo ter dado certo. A vida recomeçava ali, de certa forma, pra todos nós. E começava pro Lucas.

Bem-vindo, molequinho. Um beijão do seu tio.

Pausa para respirar

ago
2010
08

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Porque afinal, eu também mereço um pouco de paz.

Sábado:

Debszinha, Kill Bill 1 e 2, rede da sala, cheese salada com rúcula, palavras-cruzadas, preguiça…

Domingo:

…Debszinha, famílias, quebra-cabeças, mais preguiça, desenhos e macarrão.

O outro lado

ago
2010
05

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Numa manhã dessa semana o Saulão – amigo e ex-escravo – me contou que a Mari (sua futura esposa) agora também é futura mãe de sua filhinha, Clara. Nos próximos dias, a Agnes e o Denis – cunhados deste que vos escreve – terão a família acrescida do pequeno Lucas. Mais precisamente segunda que vem, dia 9. No início desse ano, foi a Angela que trouxe ao mundo o Guilherme, assim como a Tati e o Thiago trouxeram Alice. E até o final do ano, muito provavelmente, a família Masili deve ganhar sua Mariana, se ela não se esconder de novo no ultrassom e de fato confirmar nossas expectativas quanto à cor rosa do quarto.

Estamos nos tornando aos poucos a geração passada. A maioria já casou ou está casando, e as famílias mudam todo mês. Essas notícias de gravidez aqui e ali fazem a gente ficar com cara de bobo, imaginando como serão as miniaturas dos amigos, irmãos e afins. Mais ainda: o que será quando for a nossa vez? Quanto o tempo custará a passar? Será que estamos mesmo prontos (e será que existe de fato essa coisa de “estar pronto”) ? Mas entre tantas dúvidas, o mais legal é curtir o momento e notar na empolgação de quem está diretamente ligada à chegada dessa molecada todas as mudanças: de humor, dos tipos de preocupação, de responsabilidade, do jeito de levar a vida.

A gente começa a notar o quão rápido as coisas mudam mesmo. Ontem éramos nós jogando bola no quintal, e hoje os antes adversários estão limpando cocô e fazendo papinha. Os pais não estão em casa. É do seu bolso que saem os pagamentos das contas, e nas suas costas estão a responsabilidade de uma coisa chamada família, que magicamente mudou de integrantes, de quantidade e de hábitos.

Crescemos rápido demais. E descobrimos que ainda não sabemos nada da vida.

As cartas de mim*

ago
2010
02

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* (Um título-tributo à moça que sabe falar com o coração.)

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São Paulo, 2 de agosto de 2010.

Um ano, velhão.

Um ano da nossa última conversa, de quando você me disse estar bem, sem sentir dores e toda aquela coisa que a gente diz pra quem se ama, quando queremos confortar as pessoas e tomar pra si nossos próprios problemas. Não quis dividir o fardo, eu sei. É bem coisa sua isso de só passar pra gente as coisas boas, e tentar resolver sozinho as ruins. O que eu sei é que no fim das contas hoje a saudade não é só minha, e essa mesma saudade é um tremendo de um saco.

Eu e a Debs compramos nosso canto, casamos em seguida. O Mau mudou de emprego, por mais difícil que isso fosse de se conceber há um ano. O apartamento deles enfim está entregue, quase pronto. Por sinal, ficará pronto um pouco antes que sua neta fique – sim, neta. Eu serei titio até o final do ano, provavelmente de uma Mariana Masili que vem por aí. Não é certeza, pois a pilantra virou de costas durante o exame para descobrir o sexo da coisinha. Se é menina ou menino, ainda não dá pra ter certeza. Apostamos no rosa, com a certeza de que o bebê é pelo menos malandro, pra ficar por aí se escondendo dos pais antes mesmo de dar a graça por aqui.

A velhinha está tocando a vida. Eu acho que você sabe bem disso, porque vocês nunca se separaram nem em pensamento, e quem sou eu agora pra acreditar que isso seja possível? Ela fala contigo mais do que qualquer um, e a gente fica por aqui tentando fazer as vezes de filho, de pai, de amigo e de razão pra que ela possa seguir em frente. Ainda há um longo caminho pra baixinha, e cujas decisões (às quais ela se acostumou a entrar num acordo contigo sempre que vocês não soltavam faísca) não são das mais fáceis. O apartamento já havia ficado maior com a minha saída. Mauricio sai nas próximas semanas, e sessenta metros quadrados podem parecer um campo de futebol pra Paquinha. Estamos por perto – ela nos encontra no máximo a seis quilômetros de casa – mas todo mundo aqui sabe que não é tão simples assim. Essa coisa de falar sozinho não é gostosa. Acreditar nem sempre é suficiente, e falta o toque, a resposta, aquele abraço que a gente sabe que não vai mais ter. É foda.

Por sinal, te escrever no domingo à noite é quase um disparate. Nossos papos sempre foram nos domingos de manhã, discutindo Formula 1, já que no futebol a gente nunca entrou num acordo mesmo. Por sinal, a disputa Schumacher x Barrichello de hoje de manhã seria digna de um dos nossos longos papos durante o café da manhã. Ironicamente, foi uma menina – a minha – que ganhou essa sua herança torta de discutir corridas de carro comigo. Ela me parece mais feliz montando seu quebra-cabeças sem fim de trocentas mil peças, com a mesma paciência e competência que você tinha. Já nos comentários, eu preferia você, mas vou me virando com a Dé, que já entendeu meus vícios e se conformou com esse código pétreo que eu e você firmamos desde sempre. Seu time até ganhou nesse final-de-semana, enquanto o meu só empatou com a porcada.

Minha visita hoje foi rápida mesmo, Carlão. Voltar àquele gramado enorme num dia bonito de sol e silêncio. Lá no alto eu procurei por você, e a indicação dizia onde te encontrar. Eu a segui, e ali mesmo só pude abraçar minha esposa e pensar um pouco mais em você. Te procurar ali em cima, e aqui dentro, pra aí sim te encontrar e te dizer mais uma vez que te amo muito, e mais do que isso, que nesse último ano em que todas as nossas vidas mudaram mais do que o normal, você fez sim muita falta. Fosse no altar, pegando as chaves aqui de casa, furando uma parede, me enchendo o saco por causa da Libertadores, dividindo as risadas e a aporrinhação, ou mesmo num abraço de volta pra casa. Esse mundo que hoje é meu, da minha antiga e da minha nova família ficou com um puta vazio com o seu silêncio. E você sabe bem que de silêncio eu nunca gostei. E que eu tentei quebrar com algumas das suas músicas dia desses. Falha grave, evidenciada com “That’s Life”. Sinatra não me perdoou, e eu senti a primeira evidência de que os dias seguintes não seriam fáceis. Como não foi sexta. E como não é a vida sem você por perto, muito mais meu amigo que meu pai, o avô que estragaria meu filho, minha filha ou ambos.

É só um pedaço de mim, saudoso e babaca te dizendo o óbvio: não era hora ainda, cara. E eu peço pra que, onde e como você estiver agora, que leia e saiba que por nenhum segundo você ficou de fora de nenhum desses momentos. Teu pulso continua, aqui dentro, sempre. E aquela gargalhada descabida é a coisa que mais me faz falta hoje.

Fique bem velhão. A gente se vê dia desses. Um beijo e todo o amor do mundo.

Celão.

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…coisa besta mesmo, mais um job de tantos que a gente vive fazendo por aqui. Um e-mail de dia dos pais. Um tema que já vem de mês, e que vinha bem até agora há pouco, quando o Douglas – redator, parceiro e amigo mineiro – me repassou a versão final do texto desse tal e-mail. Lido como mais um de tantos textos com que a gente mexe todos os dias. Mas algo estava diferente, e ao final, eu respirei fundo e disse: “foda”. Está bom, muito bom mesmo, coisa inspirada. Perguntei de onde vinha a inspiração, e ele disse “Me fechei aqui no meu canto, e botei pra rodar As Rosas Não Falam com a Vanessa da Matta, aquela coisa depressiva, até que… saiu”.

Voltei pra minha mesa. Procurei a música, e só encontrei a original, com o Cartola. Ouvi. E quando acabou, veio a lembrança, a saudade, e a vontade de botar pra fora um pouco desse aperto que dá no peito, e que de vez em quando deixa a gente com vontade de gritar. Eu não gritei, mas deixei chorar.

A gente tem que se permitir sofrer de vez em quando. Eu me nego esse tipo de coisa, mas às vezes não há como escapar daquilo que é óbvio. Segunda eu te mando uma carta, Carlão.

Um beijo do teu filhão, que morre de saudades do teu sorriso.