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O mundo pode dar quantas voltas quiser (preferencialmente uma por dia, ou ficaríamos malucos), mas um assunto sempre volta à tona em alguns momentos especiais, principalmente neste blog: simplicidade. É uma coisa na qual eu acredito muito, justamente por ser algo fácil e óbvio por diversas vezes. Uma virtude que muitas vezes é confundida com pobreza ou economia, mas quando descobrimos seu real valor (e que valor) nossos conceitos viram de cabeça pra baixo e acabamos enxergando o mundo com outros olhos.

E ontem eu estava assistindo Um lugar chamado Notting Hill. Provavelmente apenas eu e mais uns 3 esquimós lá na Groelândia ainda não havíamos assistido, pois todo mundo que conheço passou pelo cinema quando o filme estava em cartaz. Na boa, um dos filmes mais deliciosos que já assisti. Desde o elenco (Julia Roberts é sempre demais, e o Hugh Grant é hilário, sempre. Fora os “escadas” do inquilino e da família dele, que roubaram a cena no filme…) até o roteiro, cuidadosamente adocicado, mas nem um pouco bobo. Comédia romantissíssima, com cara de pipoca, edredon e namorada.

Fazia falta um filme que me fizesse rir e sorrir tanto… histórias simples (daí eu falar tanto de simplicidade), de pessoas simples, com sentimentos simples e atitudes simples. Amar descaradamente, aproveitar manhãs de sol, tomar sorvete no pote, dormir enrolado no edredon no sofá da sala, acordar e sorrir por ser feliz, simplesmente. Simples como a vida que deveríamos ter se não nos preocupássemos tanto com detalhes. Em certos momentos, o filme até parecia um comercial de margarina, mas comerciais de margarina são legais! São por mostrarem que pessoas conseguem ser felizes aproveitando o sabor de um pão quentinho num dia chuvoso como o de hoje.

Encontrar prazer em detalhes. É bom demais saber que dentro de um filme podemos ver que pessoas simples como nós podem ser felizes pelo simples fato de serem. Não é necessário ser dono de uma biblioteca na Inglaterra ou uma atriz milionária para acreditar que pequenos milagres às vezes acontecem, e que sim, podemos ser vítimas de piadinhas deliciosas que a vida insiste em contar. Vezes na película, vezes em carne e osso.

Não é simples deixar de lado os problemas. Mas também não é tão complicado encarar a vida com um sorrso estampado no rosto. Afinal de contas, comerciais de margarina são filmados ao amanhecer. Pode ser uma boa hora para tentar…

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Músicas e filmes são feitos para emocionar. Opinião minha, muito minha, e se não suprem esse “pré-requisito” com certeza não vão me agradar. Sou viciado em música. Não vivo sem, e tenho que ter quase que initerruptamente alguma melodia embalando minha vida. Música está presente o tempo todo, e talvez por isso me emocione muito mais facilmente, pois quase sempre que alguma coisa acontece comigo, seja boa ou ruim, existe alguma trilha sonora para tematizar e eternizar aquele momento.

Ontem algumas lágrimas rolaram, e o peito apertou.
Mas dessa vez, a culpa foi de um filme.

Coisa rara de acontecer. Não tenho TV a cabo, e o vídeo cassete foi dominado pelo meu irmão. Eis que o SBT anuncia para as 22h15 de ontem um filme que há muito tempo ouço falar e desejo assistir: À Espera de um Milagre (The Green Mile, EUA, 1999). Pré-requisito para não se discutir a qualidade do filme: Tom Hanks protagoniza. Expectativa alta, assisto desde o início devorando cada cena com uma curiosidade que somente quem me conhece sabe o tamanho.

Tematizado na década de 30, mais um motivo para simpatizar com a obra. Tenho a impressão que minhas “vidas anteriores” se passaram entre mais ou menos 1880 e 1950, e dei uma rapidinha entre 1950 e 1970, tal o gosto que tenho por assuntos da décadas de 30, 40 e 60… Acho que morri um velho feliz na minha primeira passagem neste século e como doidão riponga na segunda… ambas embaladas nas músicas de tais épocas! Eheheheh!! Viajei né!! Mas vamos voltar ao filme…

John Coffey (Michael Clarke Duncan), o grandão predestinado. O doce da inocência, humildade e humanismo. Essencialmente um coração que fala, tal seu carisma. Impossível não se envolver, se emocionar com suas ações e seus milagres… Contrapondo seu tamanho à sua doçura, uma deliciosa ignorância daqueles que pouco aprenderam na escola, mas dissecam as pessoas simplesmente sentindo seu caráter e olhando em seus olhos. Personagem maravilhoso, ofusca o bom profissional, mas por muitas vezes emocional Paul Edgecomb (Tom Hanks). Lições de vida a cada acontecimento na milha verde, que conduz à Velha Faísca. Confrontam-se os diversos tipos de moral, de hierarquias. Amizade, compaixão, ódio, insanidade, mesquinhez, angústia, alegria, solidariedade: poucas foram as obras que conseguiram misturar tantas emoções de forma tão intensa.

A última meia-hora do filme faz chorar. Sim, emociona demais, pois traz à tona o infeliz destino daqueles que são incompreendidos por serem diferentes. Diferentes onde? – assistam o filme. Aprendam com Coffey, caminhem pela milha verde e vejam que a cruel e impessoal estrutura das leis e do racional ser humano por vezes ignora os mais lindos e evidentes milagres.

Às vezes um filme é capaz de nos fazer dormir perplexos, nos perguntando se realmente temos conhecimento sobre tudo o que podemos encontrar pela frente durante nossa vida. E o melhor de tudo é saber que essa pergunta não será respondida…

Obra-prima. Recomendada. Necessária.