Arquivos da categoria "‘Cinema’"

Portão 67

nov
2005
13

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Eu queria dizer que assisti ao “O Terminal”, e que muita coisa que vi ali tem a ver com um cara que também anda lutando sozinho, por coisas guardadas numa “lata” que tanta gente quer descobir o que tem dentro, mas que provavelmente ninguém sabe ou faz idéia de verdade; que aprendeu a enxergar os sorrisos das pessoas em quem ele vive tropeçando por aí e se alimentar deles; que anda sonhando com algo nebuloso demais, mas que traz algum conforto no final das contas, e que aprende um pouco mais todos os dias.

Tenho a impressão que eu conseguiria sobreviver a nove meses num galpão de um aeroporto. Mas sinceramente, e se me conheço bem, não resistiria ao impulso de atravessar a porta de saída (ou de entrada) e encarar aquela infinidade de novos desafios que estão te esperando logo ali.

Quando músicas e frases começam a mexer com você, é porque alguma coisa está pra acontecer.

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Você sabe bem do que eu estou falando: existem coisas aparentemente bestas que mudam nossa vida: um dia bom, um dia ruim, uma palavra errada, um toque pessoal, um filme. Sim, um filme.

Somente agora eu pude assistir ao Brilho eterno de uma mente sem lembranças. E sinceramente, eu não sei muito sobre o que escrever aqui, tal o baque que levei ao término do DVD. Nada de muito forte nem de muito surpreendente, não é isso. Não existem assassinatos em série, efeitos especiais ou enigmas em aberto. Tudo é até claro demais, humano demais. E aí que está o ponto.

O filme é um espelho de nós mesmos. Do nosso sentimento de perda, da nossa paixão por alguém capaz de mudar nossa vida por simplesmente completar aquilo que não temos, de como uma garota de cabelos vermelhos pode nos fazer sentir o que nunca sentimos. E do que acontece quando tudo isso se perde – da dor e da fúria às tentativas de guardar tudo o que isso nos trouxe de felicidade para que – quem sabe um dia – possamos tentar tudo de novo, e dessa vez, sem nos perdermos em impulsos.

Acho que ainda não consegui passar o tamanho do significado do Brilho eterno…. É único, simples, lindo, foda, e que eu já tenho como um dos filmes que certamente não vou esquecer pelo resto da vida, pois estou ali – dentro daquela tela em muitos momentos da história. É de tremer, de chorar, e de se viver. Enjoy it…

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Ah, o Oscar. Sempre aquela babação de ovo da Academia, que exclui um monte de filmes bons e premia os Blockbusters preferidos e milionários falados em inglês. Acabei de ver que a Globo preferiu o Big Brother a mostrar os 5 primeiros prêmios da noite (o que só aumenta meu ódio a essa merda de elefante que vocês tanto amam). De qualquer forma, premiaram o meu favorito a ator coadjuvante (Morgan Freeman, por Menina de Ouro), o que reduz um pouco a minha raiva.

(Detalhe – estou assistindo e escrevendo, e acabei de notar que a Globo está com seríssima deficiência em acompanhar as piadinhas do Chris Rock. Ai, que saudade do SBT…)

(Detalhe dois: O Aviador está dando um passeio. Eu não assisti ao filme, portanto não posso comentar. Mas assisti ao Ray e ao Menina de Ouro, e estou torcendo por ambos)

(Detalhe três: um babaca acaba de dedicar a festa ao US Army, que está “defendendo as cores do nosso país…” – ô povinho de merda esse norte-americano…)

Já que o prêmio de animação já foi pr’Os Incríveis e não para Shrek 2 (que deveria chamar Burro 2), que fique claro que minha torcida da noite continua sendo para:

Melhor Filme: Menina de Ouro
Melhor Ator: Jamie Foxx, em Ray
Melhor Atriz: Hillarie Swank, em Menina de Ouro
Melhor Trilha: Counting Crows (Accidentally In Love), em Shrek 2

Eu não assisti uma caralhada de filmes, mas o que assisti gostei, e portanto torço. Claro que eu sei que amanhã vou acordar puto com as injustiça dessa porra, mas que fique claro que eu tinha uma opinião e uma inocente torcida aqui por trabalhos de qualidade.

Ah, e Diários de Motocicleta já levou um nabo e vai levar outro. Afinal, por melhor que seja o filme, lá eles não falam espanhol. Azar – o deles.

Divino

fev
2005
13

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Existem as lendas, as fábulas, os contos de fada, as biografias, e as histórias. Mas alguns caprichos divinos às vezes misturam um pouco isso tudo e acabam entregando a certas pessoas um destino simplesmente inacreditável. Escrito nas estrelas com passagens pelo inferno, o destino de algumas pessoas parece ter sido esculpido de forma única por alguém capaz de te apontar o dedo e dizer: “Você vai fazer História”.

E assim foi com Ray Charles Robinson.

Pelo amor de Deus, que filme é esse? O Jamie Foxx teoricamente faria o papel “do homem”, mas o desempenho dele como Ray Charles vai muito além de mais uma interpretação de um ator em um filme. Os cenários, a ambientação, a edição e as inserção das músicas num contexto geral… tudo é perfeito. Mas eu juro: isso é o que menos importa. Estamos falando da história de Ray Charles, e isso não é qualquer coisa.

Não mesmo. Olhando a infância de Ray, você não sabe se ri (pela forma como ele aprendeu a tocar piano, pelo amor que tinha pelo irmão e pela mãe, pela pureza de uma infância que se passa na primeira metade do século passado) ou chora (por tudo o que acontece com ele durante a vida – da morte do irmão à cegueira, a exclusão, as drogas e os golpes).

É uma história magnifica, sofrida, intensa. Longe do heroísmo atribuído a alguns grandes ídolos, Charles foi antes de qualquer coisa um ser humano – que se encantou por dinheiro, que amou sua família (mas que nunca foi fiel), que sacrificou grandes amizades por valores pessoais e que não teve medo de encarar sua maior dificuldade (citando o filme, “não se tornou um aleijado por ser cego”).

Mas é claro que ainda falta uma coisa: a música. Se você não conhece Ray Charles, se não sabe quem é um tal de Quincy Jones (o encontro de ambos beira o surreal – e alguns não acreditam em destino…), se quer começar a entender o que foi esse cara pro mundo, pelo amor de Deus – assista o filme! É um batizado digno de catedral, tal o gigantismo da obra desse cara!

Não dá pra definir Ray Charles como lenda, mito, fábula, ou qualquer outra coisa que extrapole os limites humanos. Talvez seja melhor lembrar desse mestre ouvindo seu piano nervoso, sua voz rouca rasgada e principalmente, sabendo que por trás de cada álbum lançado por ele havia um homem. De carne, osso e com muito coração – e talvez aí esteja uma grande injustiça: caras como Ray Charles não deviam morrer.

Turbo post

ago
2004
02

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Rapidinho….

Assisti a Fahrenheit 9/11… Duca! Assistam e comprovem que George W. Bush é um chimpanzé de terno e que estamos mais próximos do holocausto do que imaginamos. Mas não vão ao KINOPLEX, na Rua Joaquim Floriano (Itaim/SP) onde a meia-entrada à noite de sexta é OITO CONTO!! Um roubo (tudo bem que a sala de cinema faz o UCI ou o CINEMARK parecerem um GameBoy… mas nenhum cinema vale tanto!

E este post é express pra dizer que hoje eu volto às aulas! Sim, e bonito, pois enfim me liguei que faltam pouco mais de 1 ano pra eu acabar essa joça e pela primeira vez em minha vida sentir o doce sabor do poder aquisitivo! Claro, isso se ninguém tiver a brilhante idéia de me pôr na rua no meio do caminho. Mas é só eu não xingar de novo a secretária do presidente aqui do Clube que isso não acontece…

Deu tempo! Ufa!
Amanhã, um post mais caprichadinho! Fui!

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E por um incrível acaso do destino fui parar no cinema hoje com a minha mãe – sim, porque é bom cuidar um pouco dos pais depois deles cuidarem tanto da gente. E a velha mãe teve o direito mais do que justo de escolher o filme. Mal sabia eu que a escolha seria tão boa:

Momento “pipoca e Nestea pêssego”:
Cazuza – o poeta está vivo

trilha sonora:
Barão VermelhoO tempo não pára

Este é, pra minha surpresa, um belíssimo filme. E digo isso porque normalmente biografias se perdem no glamour das bilheterias e da pipoca. Não foi o que aconteceu no belíssimo Diários de Motocicleta, que madrinha me recomendou e eu não me arrependi nem um pouco*, e agora com Cazuza.

Nascidos em 1980 como eu não ficam sem cantarolar todos os sucessos do Barão que fazem parte do filme; não se empolgam com a efervecência da descoberta do Brasil pós-generais (apesar dos generais ainda mandarem no país); não morrem de rir com aquele monte de carro velho e modas que fizeram da década de oitenta uma das mais bizarras da História.

E também não se emocionam com a história do cara, que viveu com tanta alegria e sem se perocupar com as consequências daquilo que fazia, que acabou “morrendo na idade dos heróis”. Muita alegria, muito amor e loucura, muito cigarro e bebida e outras drogas – exagerado. E as letras do cara mostram o quão superiores os trabalhos do Barão e solo dele foram à porcaria da Legião Urbana, com suas musiquinhas de amansa-corno e seu medo de subir ao palco. O Barão deixou a deliciosa impressão de ser uma banda que funciona muito mais ao vivo do que em estúdio (a cena do Rock In Rio I é de se cantar junto).

É um filme pra toda a família. Mas principalmente, pra quem acha que este país ficou devendo personalidade e atitude na história mais recente da nossa música. Ainda acredito que o rock é pra ser feito lá fora (tanto que a “admissão” do Cazuza no Barão é feita após rolar “Smoke On The Water”do Purple), mas nosso pop acabou deixando um gosto de saudade com a perda de um cara como Cazuza.

*Fiquei devendo aqui um post especial deste filme, mas não consegui fazê-lo a tempo. Tentando me redimir agora, Walter Salles é um poeta, e o filme, maravilhoso. Um retrato social, político e extremamente HUMANO do nosso continente, aos olhos de um Ernesto Guevara que se afasta do business das camisetas e demistifica o ícone por detrás de um homem dos mais humanos – e esta é a grande sacada do filme. Se você não assistiu ainda e mora em um dos grandes centros do país, procure nos circuitos alternativos. Vale, e muito.

Filmásso…

maio
2004
09

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Momento “pipoca e cinto de segurança”:
Kill Bill

Filmes do Tarantino sempre me trazem problemas: não saber até que ponto levar sério, descobrir o que é proposital e o que é erro, tentar advinhar qual será a próxima piada e pretar atenção nas trilhas sonoras – tudo isso ao mesmo tempo. E é exatamente isso o mais legal em toda a obra do Tarantino…

Kill Bill não foge à regra. Realmente a Uma Thurman não tem cara de assassina (nesse ponto eu concordo com a Su), mas essa é a graça! Ela é tão doente quanto o Tarantino, e conceber esse filme ao lado do cara acabou rendendo uma das melhores sessões de cinema que peguei ultimamente.

Sim, o filme “acaba no meio” (e não venham com comparações àquela bosta do Matrix). Ele (Tarantino) simplesmente não aceitou cortar nenhuma sequência do filme e por isso dividiu KB em volumes 1 e 2. É daqueles filmes pra você assistir com baldão de pipoca na mão, sem medo de rir com os absurdos e vibrando a cada cena de luta – uma mais sensacional do que a outra. Tudo exagerado, escrachado, engraçado! Difícil é tentar descrever, porque o filme é muito bom… e a trilha sonora – pra variar – é matadora. E ao final do filme (que passa super rápido), a vontade de assistir ao KB2 é gigantesca!

Espero que ele nunca ganhe um Oscar. Aquela Academia cheia de velhos medalhões não merece um cara tão legal quanto ele. Por sinal, ele e o Michael Moore poderiam fundar uma outra Academia – essa sim, para filmes legais e documentários politicamente incorretos…

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Hoje é lançado num verdadeiro Circuito de Autorama (apenas em 3 salas de São Paulo, resumindo: uma estréia REALMENTE alternativa) o filme 33 – o filme, de Kiko Goifman. Mas as próximas linhas não abordam especificamente este ou aquele trabalho do artista – muito além disso, falemos de sua iniciativa:

O que mais chama a atenção no que se diz respeito a Goifman são dois aspectos bastante peculiares do seu trabalho: o fato de tratar de temas bastante complexos (a sua prórpia adoção em 33, além de enfocar a violência nos seus mais diversos aspectos, como em Morte Densa, Tereza e no CD-Rom Valetes em Slow Motion), e a forma como sua divulgação perante o público e a mídia são feitos.

Assistimos ontem a mais uma palestra de Kiko na Faculdade, e ele abordou entre outros assuntos como fazer da internet muito mais do que apenas um braço de informações relativo a determinado trabalho (no seu caso, o filme 33). O site do filme traz informações e peculiaridades que aproximam o universo do filme ao espectador, com informações complementares e não menos importantes do que o próprio filme. A navegação e o modo como os conteúdos são apresentados exercitam a curiosidade e o senso de investigação do usuário, e trazem mais brilho à obra.

Goifman traz ao designer exatamente o prazer da obra e da linguagem, simplificando parafernálias tecnológicas e apresentando um trabalho carregado de personalidade. Ontem ao pedir a cooperação dos alunos na divulgação de seu filme que estréia hoje (e que não conta com o poder de alcance dos grandes estúdios), mostrou que é possível seguir caminhos pelo meio do mato ao invés de se meter com uma mobilete numa rodovia para conseguirmos divulgar nosso trabalho.

Sem temer a indústria da massificação e banalização de informações, podemos acrescentar em muito à sociedade e ao país. Se não contando com o auxílio interno, buscando formas alternativas e circuitos pouco convencionais. É pelas beiradas que se toma a sopa. Fica o desejo de boa sorte e mais sucesso a Goifman em sua estréia hoje, e o pedido que todos os que puderem prestigiem mais um brasileiro de muito talento, e ajudem a transformar os meios de informação em algo mais inteligente e independente:

33
(33 , Brasil, 2003)
Gênero: Documentário
Duração: 75 min
P&B
Diretor(es): Kiko Goifman
Roteirista(s): Kiko Goifman, Cláudia Priscilla

Em cartaz no Artplex (Shopping Frei Caneca), Sala Uol de Cinema e Espaço Unibanco

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Diga, com toda a sinceridade: você acreditava mesmo que duas horas de favela venceriam milhões e milhões de dólares, efeitos especiais e figurinos absurdos, uma história consagrada e elaborada em forma de um único filme de 12 horas de duração, que tinha “só 11 INDICAÇÕES” ?

Sejamos francos: Frodo e sua turminha (Gandalf e Gimli continuam no topo da minha preferência) ganharam TODAS as categorias em que concorreram – e com méritos, diga-se de passagem, uma vez que Peter Jackson realizou uma loucura sem precedentes ao filmar a obra de Tolkien de uma só vez, com atores desconhecidos, e acabou fazendo a melhor trilogia que se tem notícia até os dias de hoje.

E quando eles não estavam concorrendo, havia Russel Crowe (sim, o Gladiador preferido dos tiozinhos da Academia), Nicole Kidman com seu belo Cold Mountain ou ainda a pequena e maravilhosa Dory em Procurando Nemo. De quebra, ainda um certo cowboy com seu Sobre Meninos e Lobos estava logo ali, nas primeiras fileiras. E onde estavam os brasileiros? No fundão, claro – afinal, quem seria esse povinho que recebeu quatro indicações com um filminho sobre favela e violência?

E por mais que digam que somos originais, criativos e autênticos (que nunca duvidemos disso, por favor – afinal, é isso que nos faz diferentes do povo de Hollywood, e que bom que as coisas são assim), não vamos JAMAIS ganhar um Oscar com um filme falado em português, falando de um Brasil que eles não conhecem (ou não querem comprar, ao contrário das imagens sempre belas, saudáveis e RICAS do Carnaval carioca).

Tanto que nossa (?) única estatueta foi para O Beijo da Mulher Aranha, com um ator que (ora ora) não é brasileiro. Coincidência? Talvez, para os tolos…

Acreditar na Academia é o mesmo que esperar que um político seja honesto, que uma emissora de TV seja imparcial, ou que algum dia haja paz no mundo. Beira a utopia torcer para algo da gente, quando quem manda naquela joça é uma cambada de velhinhos que vive compensando injustiças com prêmios absurdos. Não foi o que aconteceu ontem com Peter Jackson e seu épico, que após 2 anos e pouco desde o lançamento do primeiro filme da série, teve seu justo reconhecimento.

Temos muito o que nos orgulhar sim de Cidade de Deus. Mas não pelo fato fde termos “sido indicados ao Oscar”, e sim por ele ser DUCACETE independentemente de prêmios que ele possa (ou não) ganhar. Assim como a grande maioria de filmes que lançamos por aqui, comédias ou dramas, que a nossa melhor resposta aos Blockbusters americanos seja racharmos as salas de cinema daqui de frente com eles. Porque lá tem muita coisa boa, mas aqui também tem.

(E que fique registrado desde já – por maior que seja a bilheteria que consiga The Passion of the Christ, do Mel Gibson, filmes que MEXEM com opiniões, que possuem contexto religioso e que NÃO SÃO EM INGLÊS (méritos para Gibson, que fez um filme em ARAMAICO e LATIM), não ganham a estatueta. Anotado?)

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Trabalho entregue, primeira fase concluída. No “vai ou racha”, acabou “indo” apesar das “trincadas” durante o percurso. E eu vou ficar quietinho aqui no meu canto porque se eu abrir a boca pra falar mais sobre esse trabalho é capaz que eu acorde com uma carta-bomba debaixo da minha porta.

Então ao invés de falar dese trabalho, eu falo do Goya, que ontem tive a oportunidade de apresentar aqui no Clube. Rendeu uma boa historinha essa parada… e eu vou contar agora:

Ontem apresentaram aqui no Clube o filme Goya, em um evento que ocorre todo mês, onde além do filme existe um debate sobre arte em paralelo, ao final da sessão. Pois muito bem – assim que vi que passariam o filme, meti o bedelhão e conversei com um “pessoal mais chegado” se não rolava enfiar o site no meio dessa história. Comunicaram à coordenadora do evento, e ela veio falar comigo se eu poderia ceder o site nessa história…

– Ceder o site, tia? E onde eu entro nessa parada?” Eu pensei… Achei estranho aquele papinho mequetrefe, mas fiquei na minha. Passou o tempo, e até a véspera da exibição ninguém veio falar comigo. “Esses caras vão me passar a perna? Nem f****!

Aí Marcelão vai bater um papo com o camarada que ia organizar a parada, e fala “E aí tio, vou poder apresentar o site?” – “Claro!” Ele me respondeu, e daquele momento em diante eu estava dentro. E daí pra frente gravamos o cd, arrumamos a projeção e aguardamos o evento começar.

Qual a minha surpresa ao saber que a tia (aqueeeeela que queria que eu “cedesse” o site) ficou indignada ao saber que eu, o peãozão aqui, ia “falar para o público dela”?? A mulher ficou p***, e eu rindo que nem um moleque… ” – Quis me passar a perna, perua…? Então tome!!

Quando chegou a minha vez de falar para a galera de velhinhos (o mais novo na sessão devia ser a minha mãe, minha convidada especial e a única com quem eu devia me importar no meio daquele monte de gente metida a besta), não é que a tia senta na primeira poltrona do cinema e me manda falar “muito rápido”???

Eu olhei pra ela, pro microfone (sem fio) e pra cabine de som (onde estava o tal camarada que me arranjou a boquinha e que ia navegar o site) e pensei: ” – Rápido né?? Rápido o cacete!!” Falei nuuuuumaaaa booooooaaaa, tranquilamente, e ainda encerrei fazendo o jabá do site (afinal, era esse o meu objetivo nessa joça).

Detalhe importante:
– fui apresentado como “um funcionário do Clube que fez um site…” – vá pra pqp! Peguei microfone e pedi desculpas, mas tive que corrigir dizendo que sou “um estudante de design que faz parte do Grupo 7Monstros – dábliu dábliu dábliu 7monstros ponto com ponto bê érre barra goya, que realizou um trabalho acadêmico que envolveu um estudo initerrupto de seis meses sobre vida e obra de Francisco de Goya“. E vá desmerecer a puta que lhe pariu, perua entojada.

O problema é o seguinte:
estava tratando com esse povo daqui. Aquele mesmo que você vê de manhã nas ruas do Brooklyn e do Jardim Paulista correndo de moletom da Tommy Hilfiger, que tem aqueles cachorros que deixam aquele mar de cocô na rua aqui de trás e que todo domingo vão almoçar no Fasano. Ou seja, UMA CAMBADA DE FRESCO. E pra essa gente, funcionário do Clube é vida inferior, sub-raça mesmo.

Mas é só você mostrar um pouquinho de conhecimento e um inesperado respeito que esses mongos baixam a crista e passam a te… temer (porque respeito é algo que eles não conhecem). Foi o que tive que fazer ontem pra poder sair por cima daqui de dentro. E saí, enquanto desmenti três abobrinhas que outra tiazinha (a que fez a palestra anterior à minha) falou.

É isso aí: você pode nascer rico, mas conhecimento só tem quem vai atrás. E esse povinho é tão medíocre que tudo o que pude fazer após tanta pataquada foi sair de braços dados com a minha mãe antes do filme começar (a tia que estava sentada ao lado da minha mãe, após notar que era ela a mãe do “funcionário”, simplesmente levantou e foi sentar do outro lado – eles têm nojo dos “menos favorecidos” mesmo…), orgulhoso de que aquela platéia que me aplaudiu levou um tremendo “cala a boca”, e que a verdadeira platéia a quem fiz minha palestra express (ou seja, minha mãe) estava saindo de lá de alma lavada após aquele monte de velha nojenta olhar de lado pra gente.

Pra eles, meu muito obrigado pelos aplausos e uma risada bem sarcástica… ahahahahah!